quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Entrevista com o Vampiro


Faz dois dias que terminei de ler este livro, no entanto, precisei pensar bastante para conseguir escrever alguma coisa a respeito dele...

Sobre a autora, não é o primeiro livro que leio de Anne Rice, tampouco é o primeiro livro que indico. Apesar de dois livros serem pouco para que se possa traçar o perfil de um autor, pude perceber que Rice consegue em um único enredo escrever duas histórias. A primeira, interna, que se desenvolve inteiramente na cabeça do protagonista; e a segunda, externa, que se desenvolve à partir de fatos.

Sobre o livro, gostei pra caramba. Antes de escrever aqui, resolvi dar uma olhada em outras críticas do livro e não encontrei nenhuma que citasse justamente o aspecto que achei mais interessante da história:

Os vampiros possuem sensualidade, no entanto, não possuem sexualidade alguma, o que é muito bem pensado, afinal, o sexo é a forma de reprodução humana e envolve prazer, no entanto, nada tem a ver com a forma de reprodução dos vampiros de Rice, seus vampiros não se reproduzem pelo sexo, o corpo humano está morto, reproduzem-se por um ritual de sangue e é nisso que está o prazer. Já havia visto o filme, que não soube captar esta peculiaridade, dando a entender que muitos vampiros eram homossexuais, depois de ler o livro, entendo que todos os vampiros são homossexuais a partir do momento que só há um sexo na imortalidade e todos possuem o mesmo papel na reprodução.

Eu poderia ter escrito várias coisas sobre outros aspectos do livro - construção de cenários, repodução dos diferentes locais e épocas, esfericidade dos personagens - e ficaria o dia inteiro discorrendo sobre o que eu achei e o motivo de ter achado. Não quis fazer isso. Já disse, gostei do livro como um todo, para entender como eu me senti só existe uma maneira, leia o livro também!

Livro presenteado por: Jazz. Muito obrigado!

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Sozinho na Noite - Prefácio - Parte 01/07

RESUMO

Até aquela noite ele era um cara normal, até aquele momento fatídico ele transitava normalmente pelo dia e pela noite. E agora, o que ele é? Um vampiro? Um louco? Um habitante das sombras? Como será que ele iria lidar com aquela situação? Abandonar emprego, família e amigos, desistir de seus sonhos e de conquistar o seu amor, ele conseguiria?

01.PREFÁCIO

Estavam se encarando já fazia, no mínimo, quinze minutos. De um lado, olhos castanhos semicerrados, o cenho franzido, indicando a máxima concentração possível. Do outro lado, olhos oblíquos, alaranjados e em fendas, demonstrando ameaça. Nenhum dos lados aparentava medo, tampouco, indicavam que aquela disputa terminaria em breve. De um lado um homem, do outro lado um gato preto. O homem já havia visto aquele gato nas proximidades de sua casa algumas vezes e havia percebido algo de sobrenatural no animal, tinha certeza que o animal escondia alguma coisa, sempre obstinado, parecia saber o que queria. Havia esperado muito tempo por aquele confronto cara a cara. De um lado, o homem avançava lentamente, os olhos duros. Do outro lado o gato mantinha firme a posição e apertava os olhos ameaçadoramente. Pé ante pé o homem avançava, não importava o que aquele gato tinha de especial, nesta noite, ele descobriria. Conforme o homem se aproximava o gato tomava uma postura mais agressiva, arqueando cada vez mais suas costas, e quando a distancia entre o rosto do homem e o rosto do gato representava não muito mais do que cinqüenta centímetros, o gato começou a emitir um chiado de ameaça e a expor seus afiados dentes. O homem não se intimidava. Trinta centímetros separavam as faces, os braços do homem poderiam agarrar o animal a qualquer momento, o chiado aumentou, o homem parou de avançar. De um lado, os mesmos olhos castanhos semicerrados, o cenho franzido, uma gota de suor. Do outro lado os mesmos olhos oblíquos, alaranjados e em fendas, inspirando uma agressividade maior do que a do próprio bichano. Algo aconteceria a qualquer instante, algo tinha que acontecer.
Nada acontece por acaso, forças misteriosas movem o mundo, algumas delas devem prezar para que as coisas sempre aconteçam na hora certa e da melhor maneira, outras, em quantidade muito maior, esforçam-se incansavelmente para que tudo aconteça na hora errada e da pior maneira, não há equilíbrio de forças. Ele tinha certeza de que este gato representava algum tipo de força misteriosa e que aquele encontro não era um mero fruto do acaso, alguma coisa estava prestes a acontecer.
Numa fração de segundo ele tomou uma decisão, moveu os braços o mais rápido que pode, com a intenção de capturar o animal.

*********

O gato atacou primeiro, foi mais veloz.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O Dossiê Odessa - Frederick Forsyth


Sinceramente, eu pensava em não indicar esse livro, até a página 257 onde o autor deu uma virada em mim que me deixou fora de sintonia. O livro é uma mistura de ficção com realidade. Do tipo que o Dan Brown devia gostar de ler quando ainda estava na escola.
Trata -se da história de um repórter alemão que por algum motivo, sente-se tocado pelo diário de um judeu a ponto de arriscar a própria vida para descobrir o paradeiro de um homem específico. Leia e descubra mais!

Livro emprestado por: Mamãe. Obrigado!

Sobre música e corações - Sobre músicas e corações - Parte 6/6

Eu imagino o amor como uma partitura. Para quem não o conhece, ele não faz o menor sentido, parece um conjunto de normas que só serve para que a pessoa fique presa, dependente de algo da qual ela era totalmente livre antes de conhecer, mas para quem conhece de perto, percebe que do amor é possível extrair coisas fantásticas, é só saber como tratá-lo. Assim como observamos nas partituras, cada amor é único, se você pega uma partitura e a toca literalmente ela sempre vai soar como a mesma música, e mesmo que outra pessoa a escreva, se a cópia for fiel, ela não será outra música, será a mesma, ou seja, cada partitura diz respeito a exclusivamente uma música, assim como cada amor diz respeito exclusivamente a um casal. Não existe amor igual em dois casais, assim como não existe partitura igual para duas músicas.

O artista de jazz se destaca justamente por não seguir sua partitura exatamente como ela manda. O artista de jazz não pode ser previsível, ele tem que saber o local onde transgredir a partitura, se ele for feliz, sua transgressão resultará em uma improvisação que torna a música mais bela do que a sua própria partitura, mas se ele não for feliz ele pode destruir a música, sem chance dela voltar a ser como era. Para nós músicos, o amor é encarado da mesma maneira, ele já é bonito se seguirmos suas regras pré estabelecidas, mas nós precisamos arriscar, transgredir, torná-lo mais belo e surpreendente, evitar deixá-lo tornar-se monótono, pois assim como ouvir uma música repetidas vezes, da mesma forma é cansativo, um amor monótono também o é. Quando acertamos, o amor se torna mais forte, no entanto, se errarmos, temos a chance de destruí-lo.

Quando conheci a Clarisse, eu jamais poderia imaginar que entre ela e o Hélio seria composta alguma partitura. Assim como muitas vezes a música pode surgir de uma situação imprevisível, como o ritmo de uma goteira, o amor pode surgir em qualquer situação, no fim das contas eu penso que ele não parece uma música, mas sim que ele é a própria música. Um amor à primeira vista, uma inspiração. Um relacionamento que se firma aos poucos, uma partitura composta com esmero e dedicação. Qual é sua música favorita? Qual é a sua maneira de amar?

Hoje é um dia especial e como eu já disse, não necessariamente o meu, mas eu me sinto parte disso tudo, estou apenas esperando a Clarisse chegar, ela já deve estar uns cinco minutos atrasada, sorte minha, sem esse atraso não teria tido tempo de chegar a esse ponto da história. Se vamos tocar, sim, vamos tocar, mas hoje a banda está com uma formação um tanto diferente. O Hélio não está no palco conosco e convidamos uns amigos para nos ajudar na apresentação de hoje. Se o Hélio está aqui conosco? Sim ele está, mas é que ele está lá no altar esperando a Clarisse chegar... Hoje realmente é um dia muito especial... Lá vem ela, e pela primeira vez na minha vida eu vou tocar uma marcha nupcial. Até um dia e obrigado pela atenção.

FIM.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Sobre música e corações - The Blues are Brewin' - Parte 5/6

Pra ser sincero, eu tive a doce ilusão de que chegaria em casa, mesmo após quatro dias de ausência, e encontraria tudo no mesmo lugar. Acho que sou meio ingênuo as vezes. Me surpreendi demais ao chegar e perceber que alguma coisa estava diferente. Não é bem “diferente” a palavra certa. Havia me acostumado com a ausência de fumaça e com as janelas abertas proporcionadas pela Clarisse e encontrei uma casa com ar pesado e com todas as janelas fechadas. Era fácil perceber que estava todo mundo em casa, conheço os ruídos típicos de cada um, mas não havia ninguém na sala, cada um estava confinado em seu respectivo quarto. Dei alguns passos, e duas batidinhas leves em uma das portas:

- Posso entrar Wilsão?

A porta abriu e eu entrei. Wilsão me recebeu com um abraço e um carinho na nuca com sua mão gorda.

- Achei que você tinha ido embora mesmo cara, sua saída abalou muito todo mundo, não faz mais isso, quando você saiu, o Welly entrou desesperado aqui no quarto, acho que no fundo ainda estamos todos impressionados pelo que aconteceu com o Marcus.
- Desculpa cara, não foi a intenção, sabe, devemos muito ao Hélio, mas isso não dá a ele o direito de fazer as coisas como fez aquele dia, não mesmo, não consegui me segurar.
- Eu sei, você tá certo, mas não vai mais embora desse jeito. Vai falar com o Hélio, vou avisar o Welly que você voltou, ele vai ficar mais tranqüilo também. Nesses dias ninguém conseguiu nem entrar no clima pra tocar alguma coisa.
- Nem sei o que dizer... Vou falar com o Hélio.

Fui direto pro quarto do Hélio, e sinceramente, eu estava preparado para ser mal recebido. Antes de eu chegar na porta ela abriu e o Hélio saiu pra me dar um abraço, fiquei sem entender nada.

- Ouvi sua voz, meu irmão.
- Acho que nos devemos desculpas, cara.
- Acho que sou só eu quem deve desculpas, e não é só a você, devo desculpas a todo o quinteto.
- QUINTETO?
- Eu gosto do som da Clarisse, meu irmão, gosto mesmo, e era isso que estava me machucando cara. Eu fiquei sentindo como se tivesse traindo os meus princípios, todo aquele meu discurso sobre o orgulho negro, toda aquela minha baboseira, aquela ladainha do tipo “me fala o nome de uma trompetista famosa?” E no fim das contas, quando você foi embora, fiquei pensando em como eu era tonto. Essa minha história de orgulho negro é racismo cara, o mesmo racismo que eu tanto digo ser contra! Como é que eu quero ser tratado como igual, independente da minha cor, se eu faço questão de me mostrar diferente exatamente pela minha cor? Pensei também que deve ser justamente por muita gente pensar como eu a respeito da mulher no jazz que nenhuma mulher conseguiu destaque em algum lugar que não fosse a voz e talvez o piano. Você abriu meus olhos meu irmão, e devo muito a você. Se a Clarisse ainda quiser tocar conosco, eu vou recebê-la muito bem.
- E você já telefonou pra ela?
- Achei que você faria isso por mim...
- Hélio... Se tem uma coisa que aprendi com você, cara, é que se alguém quer uma coisa, a única maneira de conseguir é lutando por ela, fazendo com que ela aconteça.
-Algo me diz que sou eu quem vai ter de ligar...

O Hélio ligou pedindo desculpas, não pude ouvir o que ele disse, mas funcionou, acho que a Clarisse, mesmo tendo personalidade muito forte, não é do tipo de pessoa que perde oportunidades por causa do orgulho. Depois de algumas semanas já estávamos os cinco nos apresentando novamente. Depois de um mês, as janelas já estavam novamente abertas, o Welly estava parando de fumar, e até a Elisa estava arranjando umas folgas pra poder passar umas tardes conosco e assistir há uns ensaios.
Foi nesse período que fizemos a última descoberta crucial que alterou a trajetória dos Melancólicos Azuis. Certo dia, estávamos assistindo freneticamente vídeos do Louis Armstrong, tentando emplacar mais algumas músicas em nosso repertório (que a essa altura já era composto por alguma coisa do Mingus). No fim da tarde, quando estávamos ponderando algumas músicas, escutamos uma voz maravilhosa vindo da cozinha, os cinco presentes da sala se entreolharam surpresos, ninguém jamais contava com aquilo. A Elisa havia se voluntariado para preparar o jantar enquanto discutíamos, e era ela quem cantava. Acho que após ouvir tantas vezes repetirmos a música The Blues are Brewin’ ela decorou alguns trechos, que eram reproduzidos como que por uma reencarnação da própria Billie Holiday, foi fantástico, o difícil foi convencer a Elisa de repetir o feito em nossa presença.

Em pouco tempo, conseguimos convencer a Elisa a pelo menos fazer parte dos ensaios, evitamos todas as desculpas do tipo “eu trabalho muito, não tenho tempo e tenho muitas coisas pra fazer” começando a ensaiar também aos fins de semana, antes das apresentações, quando ela realmente não tinha que trabalhar. Para que isso fosse possível, deixamos de ensaiar na terça, quando fazíamos um mutirão de limpeza na casa da Elisa, impedindo assim também que ela falasse que tinha coisas pra fazer em casa. Olhando para trás, acredito que este tenha sido o período mais divertido de minha vida.

Como conseqüência de nossa apresentação no Newport Brasil, um número muito maior de bares começou a mostrar interesse pelo nosso trabalho, às terças-feiras, por exemplo, que nunca havíamos tocado, fomos convidados a nos tornar banda residente de um café chamado Samba-Rock, que apresentava música ao vivo todos os dias, variando os estilos. Após assistir a nossa apresentação daquele evento, um dos sócios resolveu adicionar o jazz ao repertório e fomos convidados. Nossa situação emocional estava ótima, mas nossa situação financeira também nunca havia estado melhor. É lógico que de sacanagem, atribuíamos o dinheiro extra em caixa apenas ao fato do Welly ter parado definitivamente de fumar.
Quando a Elisa finalmente aceitou entrar definitivamente para a banda e fazer apresentações ao nosso lado a banda chegou a atual configuração, um sexteto de Jazz, que se não fosse pela presença da miniatura da branca de neve, pareceria saído direto dos bares americanos com quatro negrões instrumentistas e uma mulata que cantava apoiada ao piano. Mas a Clarisse estava lá, mostrando a todos que aqui, no Brasil, as coisas são assim, o espaço é dado ao talento e não ao sexo e a cor.

O sexteto fazia apresentações seis vezes por semana, sendo que já éramos residentes em três bares e itinerantes nas outras três noites. A voz de Elisa soava cada vez mais melancólica conforme ia aprimorando suas técnicas nos ensaios e apresentações. Até que veio mais uma vez, uma grande surpresa. Na apresentação de um dos bares onde tocávamos sempre, o “Felling Blues”, após a belíssima interpretação da Elisa, de “The Blues are Brewin”, fizemos um intervalo e um cara que não devia ter mais de trinta anos, cabeludo, com um visual bem pós-moderno, cheio de piercings, veio falar conosco. Ele se disse representante de uma grande gravadora, mostrou-se interessadíssimo pelo nosso trabalho e ofereceu uma quantia muito boa para que gravássemos um disco de tributo à Louis Armstrong. Hélio mostrou-se muito sério e realizou todas as negociações ali mesmo, deixando tudo certo para a elaboração de um contrato. Assim que o cara foi embora é que a fixa caiu em todos nós. Aí foi que explodimos de emoção, e foi aí que percebemos que havia uma coisa diferente no sexteto. Quando começamos a gritar e comemorar, abracei e beijei Elisa com todas as minhas forças, quando me virei para abraçar o Welly é que vi o que havia de diferente: esse momento de emoção intensa deve ter liberado alguns sentimentos que estavam reprimidos em algum lugar, pois o Hélio e a Clarisse estavam parecendo um casal de novela, em um beijo entre lágrimas, abracei Elisa e contemplamos aquela imagem. Realmente, a vida é capaz de sempre nos surpreender.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Fortaleza Digital - Dan Brown


Todos os livros que li do Dan Brown  são de uma leitura muito fácil e gostosa e esse segue o mesmo padrão.
O ponto forte deste autor é trabalhar sempre utilizando agencias, governos, novas tecnologias, tecnologias em teste, obras de arte, simbolos e construções, todos reais, para a construção de suas ficções. O que  torna seus enredos informativos, além de nos dar uma sensação de que tudo é possível.
Apesar de achar seus livros muito legais e interessantes, acredito que o autor peca na construção de seus personagens principais. São todos seres perfeitos, lindos(as) e gênios(as), atléticos(as), virtuosos, incapazes de praticar ações vulgares ou imorais, simplesmente, os melhores em tudo. De todo o enredo, seus personagens são o que há de mais ficcional!!
Sobre o enredo do livro, se trata de uma trama que envolve dois cenários, o primeiro, um ambiente fechado, onde a trama é virtual e o segundo um ambiente aberto onde a trama é física. Se eu entrar em detalhes, estrago tudo!

Livro emprestado por: Laura. Obrigado!

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Sinto todo ódio

Sinto o sangue queimar em minhas veias como  napalm
Sinto-me como um réptil em vias de trocar de pele, sinto-maior do que eu mesmo.
Parece que penso com clareza, mas, sei que estou menos receptivo a idéias exteriores
Neste momento eu estou certo, mesmo que depois descubra que não.
Quero ver alguma coisa acontecer, elas não podem ficar assim

Eu sinto o ódio,
eu sou o ódio,
estou em chamas
não quero queimar sozinho
quero te embeber em alcool
te ver arder
assim como eu.