domingo, 30 de janeiro de 2011

Sobre música e corações - Open Letter to Duke - Parte 4/6

Nos primeiros ensaios a presença da Clarisse em nossa casa foi uma dádiva. Todos sentimos isso, ela chegava e abria as janelas, dizia que se o Welly não parasse de fumar todos nós morreríamos de câncer no esôfago. O Welly levava numa boa, dava umas risadas e acendia outro cigarro, só de sacanagem. Ele é o cara mais sacana da banda, não um cara sacana que faz maldades, mas é sacana por estar sempre tentando irritar alguém. Se você diz que aquele pedaço de melão na geladeira é seu, mesmo que ele não goste de melão ele espera um tempo, vai lá e come, mas isso não é o pior, o pior é que quando você perguntar quem comeu seu melão ele vai responder “ah, era seu? Foi mal”. Pra todo mundo que não for o dono do melão, a cena sempre é muito engraçada, ele faz essas coisas porque sabe disso. Bom, voltando ao assunto, a Clarisse mudou algumas coisas em casa e gostamos disso, acho que no fim das contas sangue novo sempre é bom pra dar uma reanimada no ambiente.

A Clarisse começou a ensaiar conosco na mesma época em que comecei a sair com a Elisa, uma mulher que freqüentava os mesmos eventos que eu, ou seja, já saiamos juntos muito antes de nos conhecermos, engraçado pensar assim, a primeira mudança em nossas vidas, foi que, começamos a chegar no mesmo horário e sentar um ao lado do outro. Foi só quando comecei a sair sério com a Elisa que alguém voltou a utilizar o quarto do Marcus, como a casa tinha quatro quartos, eu costumava dividir com o Hélio, mas agora eu queria ter um pouco mais de privacidade. As duas, a Clarisse e a Elisa, se deram muito bem, o mais importante pra saúde da casa sempre foi isso, todos que moram nela e a freqüentam assiduamente amam a música em muitas de suas formas.

Até a apresentação no Newport Brasil, a casa estava uma maravilha, todo mundo descontraído. O clima tinha voltado a ser o mesmo de antes do Marcus se tornar um alcoólatra, entre nós, pairava sempre um clima de brincadeira e até um descaso com o futuro. A apresentação no Newport foi bem diferente do que eu imaginava, eu nunca havia visto, e ainda não vi de novo, uma casa, onde fosse tocar jazz, tão cheia. Muitos rostos diferentes do que aqueles que estávamos acostumados, ficamos sabendo que a divulgação do evento, feita pela casa, havia sido pesada e que um apresentador de programa de uma emissora de televisão, fanático por jazz, havia vindo nos assistir. A presença anunciada dele é que havia feito a casa encher. Por um lado isso é bom, faz muito bem pro ego tocar em uma casa cheia, por outro lado, tocar para um monte de gente que não está nem aí para o jazz faz você se sentir um pouco como um bobo da corte.

Quando terminamos de preparar nosso equipamento, antes de começar a tocar, olhamos uns para os outros, e foi como se tivéssemos realizado um pacto ou estipulado um objetivo: não seriamos os bobos da corte, fazendo música de fundo enquanto todos paparicavam um apresentador de televisão. Fizemos disso nosso objetivo e posso dizer com toda certeza que o cumprimos, nunca havíamos tocado de forma tão complexa, nem nos ensaios mais ousados, aquele álbum. Não que a harmonia me permitisse fazer grandes coisas, queria ter me exibido bem mais, mas na medida do possível eu fiz minha parte. Quanto a Clarisse, foi a que menos pode aproveitar, seu grande mérito foi ter mostrado uma incrível resistência sem sair do tempo nenhuma vez. Já o Welly, eu juro que em alguns momentos eu achei que ele iria explodir, nunca tinha visto o cara tocar com tanto vigor, tocamos o primeiro tema em quase quinze minutos. O Hélio e o Wilsão também foram impecáveis e isso nos abriu algumas portas, hoje posso dizer isso com toda certeza.

O sucesso na apresentação do Newport fez com que criássemos, o Hélio querendo ou não, um vínculo com a Clarisse, que, mesmo sem a certeza de continuar fazendo parte da banda, continuou comparecendo freqüentemente em nossa casa. Já não podíamos mais excluí-la, e todos sabiam disso, inclusive ela. Foi nesse ponto que a casa mais parecia nitroglicerina, explodia ao maior descuido. Ninguém jamais podia tratar a banda como “quinteto” perto do Hélio, tampouco como “quarteto” perto da Clarisse, o primeiro explodia com a menor alusão à garota como integrante da banda, enquanto a garota esbravejava se qualquer um desse a entender que ela ainda não fazia parte da banda, foram tempos difíceis. A Elisa, que estava de fora, achava tudo muito engraçado, coisa que me deixava chateado.

Certo dia estávamos os cinco na sala pensando em possibilidades para um novo repertório, quando a Clarisse fez sua primeira sugestão, não tenho como me esquecer desse dia, muita coisa mudou depois dele:

- E se tocássemos Mingus?

Pra quem não entende, Charles Mingus foi um renomado jazzista, o seu diferencial em relação aos outros é que geralmente o líder da banda é o trompetista, e Mingus era líder e tocava contra-baixo, para mim, não há problema nenhum nisso, acontece que não podemos esquecer que para o Hélio, quem toca jazz é homem e negro, e nesse momento havia uma mulher e branca ameaçando tomar a liderança da banda que ele havia formado.

- E quem você acha que é para sugerir que toquemos alguma música? Não me lembro de você fazer parte dessa banda, não é só porque você quebra um galho pra gente que já pode se achar no direito de decidir qualquer coisa aqui.

Achei que a Clarisse fosse discutir, ela sempre discutia conosco, mas dessa vez não, ela apenas se levantou, pegou suas coisas e saiu. Ficamos todos pasmos, Wilsão foi o primeiro que saiu da sala, foi para seu quarto, sem dizer nada e não saiu mais de lá, o Welly apenas abaixou a cabeça e pousou as mãos entrelaçadas na nuca, ele sempre fazia isso quando não sabia o que fazer. E pela segunda vez, nessa história, eu senti que precisava fazer alguma coisa, foi então que antes de sair de casa eu disse:

- Sinceramente, meu amigo, esperava mais de você...

Fui pra casa da Elisa que morava em um apartamento não muito longe de casa, fiquei uns dias por lá, não queria ver a cara do Hélio. Não foram muitos dias, foram quatro para ser mais preciso, eu queria ficar mais tempo fora mas não agüentei. Ficar fora de casa, para mim, não é simplesmente ficar longe do Hélio, ou do Wilsão, ou do Welly, ficar fora de casa é ao mesmo tempo ficar longe da família e longe do emprego. Tudo o que eu faço da vida está ali, as pessoas com quem me relaciono, meus companheiros de trabalho e minha bateria. Ficar longe de casa é ficar sozinho. Durante a noite foi muito bom estar sempre por perto da Elisa, ela é uma excelente mulher, gosta de conversar sobre qualquer coisa, sempre tem bons conselhos e é uma namorada muito carinhosa. Agora, durante o dia, enquanto ela estava trabalhando, era o inferno, não nasci para apreciar a televisão ou essas artes visuais, meu negócio é tocar, e quando não estou tocando, tenho que estar conversando com alguém, ficar sozinho e sem minha bateria é a mesma coisa que estar em outra galáxia, fico totalmente perdido.

E foi por esse motivo que depois de infinitos quatro dias eu resolvi voltar para o quartel general dos Melancólicos Azuis.

Frankenstein - Mary Shelley


Algumas das obras consideradas como "clássicos" da literatura, me surpreendem por ter conseguido ganhar este status, um exemplo do que eu digo é a obra "Elogio da Loucura" de Erasmo de Rotterdam. Não que o cara não seja muito inteligente e a idéia base do livro não seja muito boa, ambas as coisas são assim, acontece que a execução deixa a desejar, o livro é muito chato.
Mas não é pra falar do Fankenstein que estamos aqui? Então vamos lá. Este é um clássico bem merecido, esse livro deveria, assim como muitos outros, ser incentivado nas escolas, a escritora ilustra muito bem, e de maneira sinistra, questões pertinentes ao homem enquanto ser social e também enquanto ser introspectivo. Existem filmes sobre o livro e alguns são muito bons, eu já os havia assistido antes de ler a obra, no entanto, esses filmes encenam os fatos, a trama psicológica se perde...
Critiquei anteriormente algumas editoras, sinopses e erros gramaticais (não que eu não cometa erros gramaticais, mas, acontece que eu não sou uma EDITORA), a edição da Martin Claret me surpreendeu, a sinopse não revela nada demais, apenas instiga, e eu só achei um mísero errinho durante todo o livro, esqueci de anotar a página, mas é um "É" que esqueceram de colocar o acento, ficando "E". Ou seja, justamente a Martin Claret que muita gente critica, eu vou elogiar! Livro muito bem publicado!

Livro emprestado por: Pipo. Obrigado!

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Através do Espelho - Jostein Gaarder


Para quem não tem o hábito da leitura este livro é um bom começo. A história se desenvolve lentamente enquanto os personagens te levam a pensar na relação entre o físico e o metafísico. Basicamente se trata de um diálogo entre dois personagens, uma menininha doente e um a visita inesperada, em alguns momentos a visita se retira e a familia entra em cena.
Se você quiser que o livro tenha alguma magia e surpresa, NÃO leia a sinopse na contra-capa da edição da Cia. das Letras, acho que andam pondo algumas pessoas realmente estúpidas para escrever estas sinopses, pois, ela CONTA O LIVRO TODO, INCLUSIVE O FIM!!!! (talvez a contra-capa seja apenas um micro-livro pra quem em preguiça de ler? hahaha)

Livro emprestado por: Jazz. Obrigado!

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Sobre música e corações - So What - Parte 3/6

O Hélio sempre teve uma vida difícil, mas nunca foi pobre, isso devido ao fato de sua família ser muito dedicada. Desde os quatorze anos ele ajuda o pai, que trabalha como pedreiro (eu também comecei como servente de pedreiro do seu João, pai do Hélio, mas só aos dezessete), aos dezoito ele cansou, comprou uma moto e arranjou emprego como entregador. A família dele nunca acreditou que ele conseguiria ir tão longe com a música, tampouco acreditavam que ele iria longe com os estudos, isso foi bom, o Hélio é orgulhoso pra caramba, e só porque ninguém punha fé nele, mandava muito bem tanto nos estudos quanto na música, sempre me espelhei muito nele, ao ponto de muita gente achar que somos irmãos. Apesar de ser bem mais baixo que eu ele parece comigo, tem um metro e oitenta, faz alguns anos que anda sempre com o mesmo cavanhaque, pontudo no queixo, costuma estar sempre de óculos escuros, tem uma puta pinta de artista, sério mesmo. Foi ele quem idealizou a banda e se esforçou para convencer cada um de nós, muito orgulhoso e teimoso, geralmente as coisas acontecem como ele quer que aconteçam, mas isso não é regra. Outra característica que não pode passar em branco é essa fissura que ele tem por seu, ou nosso, africanismo, se ofende sempre, achando que estão sendo preconceituosos pelo fato de ser negro (não gosto muito disso, mas depois de quinze anos de convivência acabo abstraindo). Enfim, era desse cara que eu estava com medo.

Depois de alguns dias eu tive a oportunidade perfeita pra começar a amaciar o Hélio. Recebemos uma proposta para tocar em um bar chamado Newport Brasil, bem reconhecido aqui na região, acontece que a ocasião era o aniversário de 50 anos de um álbum chamado A Kind of Blue do Miles Davis. Não que fosse impossível para nós, o grande problema é que este álbum é inexeqüível sem um contra-baixo. Nunca tocamos uma música como se fossemos playbacks vivos, sempre deixamos nossa alma fruir, mas nesse álbum o contra-baixo é quem faz toda a harmonia, liberando os demais para solar à vontade. Esperei ele começar a se descabelar e a alisar freneticamente o cavanhaque pontudo, foi aí que comecei a falar sobre o dia em que toquei com a orquestra no teatro. Silêncio. Foi tudo que ouvi depois que parei de falar. Depois de um minuto com a duração de uma hora o Wilsão foi quem arriscou falar alguma coisa. O cara é muito gente fina. Se não fosse ele ter quebrado o gelo talvez tudo fosse muito diferente, antes que o Hélio negasse, e me falasse todas aquelas coisas de que para o jazz ser verdadeiro ele deveria ser executado por homens negros, o Wilsão propôs que procurássemos em todos os lugares, na cidade e na região, que colássemos lambe-lambe nos postes e publicássemos anúncios na internet e nos jornais, se até uma semana antes da apresentação não aparecesse ninguém que tocasse satisfatoriamente, não teríamos outra escolha. O Hélio olhou pra cada um de nós como se o estivéssemos apunhalando antes de fazer um aceno seco com a cabeça, inclina levemente para baixo, volta para lugar.

Eu sei que isso é muito clichê, mas eu tenho de dizer que os dias se passaram muito lentamente, porque foi exatamente isso que aconteceu. Apesar de toda a correria, dos dias inteiros procurando formas de anunciar que precisávamos de um contra-baixista e das noites inteiras tocando em diversos bares pela cidade, o tempo pingava lentamente. Eram três semanas para encontrar um novo integrante ou quatro semanas para a apresentação. Eu achei que o Wilsão tinha sido muito justo e não tentei sabotar a divulgação, se achássemos um contra-baixo esta tudo resolvido de qualquer forma, apesar de ser um grande desperdício não chamarmos logo a Clarisse.

É incontável o número de pessoas que tocavam baixo elétrico que nos procurava, e quando dizíamos que precisávamos de alguém que tocasse um acústico, um ou outro dizia que apesar de não possuir o instrumento talvez pudesse tocar, quando trazíamos do quarto o contra-baixo do Marcus, víamos o cara embasbacado, sem saber nem como segurar o trambolhão. Não posso negar que era até engraçado, muito marmanjo que chegava com a maior pinta de bonzão não conseguia nem tirar som do contra-baixo. 

Em todas as nossas apresentações anunciávamos estar em busca de um quinto integrante, e certo dia a Clarisse estava presente no bar. Na hora em que o Hélio fez o anuncio eu senti os olhos dela me fulminando, eu não soube o que fazer, mas senti que precisava mesmo que algo fosse feito aquela noite. Juro, alguma coisa em mim me mandava tomar alguma atitude, e pra quase tudo na vida eu não sou assim, as vezes sou até meio pau mandado, mas é porque um sem número de coisas que as pessoas consideram importantes e ficam se estapeando pra decidir, realmente não me fazem a menor diferença, agora, quando o negócio tem a ver com a minha arte acontece isso, me dá uma sensação de que alguma coisa tem que ser feita, e rápido. Aproveitei o primeiro break, enquanto todo mundo ia ao banheiro ou tomava uma água, fui até a mesa da Clarisse, não falei nem boa noite e já lancei direto:

- Qual a probabilidade de você ter trazido seu contra-baixo?

Ela riu e respondeu:

- Só alguém muito estranho fica transportando um treco daquele tamanho de um lado para o outro da cidade - E antes que eu conseguisse exprimir meu desapontamento, ela deu mais uma risada e continuou falando - Sabe que eu realmente sou uma pessoa muito estranha e estou com meu contra-baixo no carro? Depois do ensaio da orquestra eu fui pra casa tomar um banho e vim direto pra cá, acabei o deixando no banco de trás, se você me der uma mão, trago pra cá em um instante.

Quando eu entrei no bar segurando um contra-baixo toda a banda sorriu, quando atrás de mim entrou uma miniatura da branca de neve um dos rostos ficou sério. Sabia que isso aconteceria, mas eu já havia começado e iria terminar. Apresentei a Clarisse para os três e apresentei os três para Clarisse, preparei os instrumentos, virei pro Hélio e falei:

- Vamos tocar Armstrong?
- Agora? Não.
- Vamos tocar o que?

Achei que o Hélio ia aprontar alguma, mas ele me surpreendeu, realmente, tomou uma decisão muito mais sensata do que a que eu havia tomado quando propus que tocássemos Armstrong:

- Miles, não é pra tocar Miles que precisamos de um contra-baixo?

Perguntei pra Clarisse o que ela achava disso, ela até se ofendeu, na euforia, eu fiz a pergunta de uma forma que ficou parecendo que eu menosprezava o conhecimento teórico dela, nos preparamos, demos um tempo para que ela aquecesse os dedos, então Hélio foi ao microfone e anunciou:

- So What.

Escutei dedos estralando a minha direita, era o Wilsão se preparando. A versão de estúdio dessa música possui uns dez minutos, mas na versão de estúdio são dois saxofonistas, um alto e um tenor, o Welly é tenor, mesmo ele prolongando bastante seus solos e fazendo algumas linhas de ambos a música fica mais curta, isso não faz, pelo menos pra mim, com que ela fique pior. Quando o Wilsão finalmente martelou as primeiras teclas do piano fiquei bem tenso enquanto esperava sua deixa, onde eu iniciaria o acompanhamento e o baixo faria sua apresentação, ela realmente conhecia a música e teve vigor para tocá-la inteirinha sem sair do compasso. O Welly mandou muito bem, o público ficou muito satisfeito. 

Terminamos a apresentação daquela noite novamente como um quinteto. A sensação era muito boa. A Clarisse não era o Marcus, não tocava como ele, mas no jazz isso não significa necessariamente tocar melhor ou pior, o som que tiramos de nossos instrumentos tem muito de nossa alma, não se pode imitar um outro instrumentista, nunca fica igual. A Clarisse era diferente e isso me agradou, não queríamos ninguém imitando o Marcus em nossa banda, ele havia sido único e permaneceria em seu lugar. 

Nunca costumávamos sair logo que o bar fechava, sempre ficávamos mais um pouco enquanto o pessoal limpava tudo, nesse tempo comentávamos nosso som, repetíamos algumas passagens, tocávamos outras de maneira diferente, já pensando em uma próxima apresentação. Nesse dia, aproveitamos a presença da Clarisse para tentar definir qual era seu domínio do instrumento, sua influência erudita era bem marcante e a tornava singular.

Quando chegamos em casa, eu realmente estava satisfeito, achei que, mesmo que só até a apresentação do A Kind of Blues, eu havia garantido a presença da Clarisse na banda e daí pra frente seria só fazer a cabeça do Hélio para que ela fosse efetivada. Doce ilusão, eu ainda não conhecia direito a personalidade da Clarisse, mas logo descobriríamos que por trás daquela aparência frágil, havia um gênio tão forte quanto o de Hélio. E isso não seria nada bom para o resto da banda.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Carrie, a estranha - Stephen King


Como sempre, não contarei trechos do livro, também não falarei sobre o drama que King passou com esse livro, as duas coisas você pode encontrar lendo ele.
O que posso dizer sobre o livro é que é uma ficção que envolve telecinesia, ou seja, o poder de mexer as coisas com a força da mente, é uma história forte, típica de King, e se desenvolve de duas maneiras diferentes, narração dos fatos e trechos como se fossem os relatos posteriores à história.
Um livro de rápida leitura.

Gostei.

PS - Se você for ler a edição da "Ponto de Leitura", desconsidere o "escrevinhou" no penúlitmo parágrafo da página 195. Hehehe (afinal de contas essa parte é da narração e não da reprodução de cartas)

Livro emprestado por: Pipo. Obrigado!

domingo, 23 de janeiro de 2011

Sob a Luz das Estrelas - A. J. Cronin

Uma novela com diversos personagens e tramas separadas que se entrelaçam pela participação dos personagens centrais. O cenário principal, o centro de gravidade do livro é a situação do operariado das minas de carvão da Inglaterra, no fim do século XIX e no começo do século XX. O livro aborda de maneira suave questões como a política e a econômia da Inglaterra no período bem como a visão dos operários sobre a participação na primeira guerra mundial, "a guerra para acabar com todas as guerras". O autor, Cronin, contemporâneo ao período que trabalha, era médico e atuou em diversas frentes, tanto nas mansões nobres quanto nas burguesas, tanto nos terraços de aluguel onde viviam os mineiros quanto na guerra. Por isso, enquanto em 1930 isso era apenas uma novela que mostrava uma dura realidade, para nós é uma fonte que deve ser levada em conta no estudo da História.

Recomendo com louvor, um livro cinco estrelas, imprevisível, nem no penúltimo capitulo você consegue ter idéia de como o livro vai acabar!

Livro Emprestado por: Mamãe. Obrigado!

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Sobre música e corações - Basin Street Blues - Parte 2/6

Hoje é um dia especial, não que seja um dia especial meu, é que me sinto parte disso tudo, aliás, me sinto responsável por tudo que tem acontecido. Meu nome é Thomás e toco bateria em um pequeno grupo de Jazz. Geralmente os bateristas só tocam, é muito difícil vermos por aí um baterista querendo mandar em uma banda... Tem o Phil Collins né, mas depois que ele começou a mandar ele foi pra frente do palco... Mas enfim, eu não sou esse tipo de baterista, gosto de ficar lá no fundo mesmo, na minha, gosto de tocar e ponto. A diferença é que sei reconhecer um talento quando escuto um tocar e é aí que começou tudo... Tudo começou quando comecei uma briga com o arranjador e trompetista, Hélio, sobre alguém que tocava contra baixo...

O Hélio é assim, pra tocar Jazz tem que ser negro e homem. Se for algum tema cantado até vai lá uma mulher, negra ou branca, mas se é pra tocar, a regra é essa, negro e homem. Tem seu lado positivo, a banda adquiriu um certo renome, não é todo dia que aparecem cinco negrões em um barzinho aqui na capital e saem tocando um bop. Se acontecesse, a chance de sermos nós era cem por cento, sério mesmo. O nome ajudou bastante, Melancólicos Azuis, sugestão do sax, Welly, o nome original dado pelo Hélio era Melancholic Blues, mas aí o Welly fez uma brincadeira com o nome em português e o fato de sermos todos negrões, a brincadeira foi longe mesmo cara, e agora meio mundo de gente, mesmo que nunca tenha ouvido nosso som sabe que existe uma banda chamada Melancólicos Azuis cujos integrantes são (eram) cinco negrões. Esse “eram” em parênteses é a introdução da história que tenho pra contar.

Os Melancólicos eram cinco, como eu já disse: o Hélio, arranjador e trompetista; o Welly no sax; o Marcus no contra-baixo; o Wilsão no piano; e eu, Thomás, na bateria. Conheço todo mundo há muito tempo, desde a adolescência, quando resolvemos que iríamos fazer diferente, enquanto a galera se divertia cantando um rap, nós queríamos tocar Jazz, pro Welly e pro Wilsão até que foi fácil, a igreja deles, Congregação, deu maior apoio e eles receberam apoio dos irmãos e da família, já pra mim, pro Hélio e o pro Marcus foi bem mais difícil, ralamos mesmo. Ergui umas quatro casas pra bancar o instrumento e as aulas e quando começamos a tocar pra valer, o Hélio teve que se demitir, era entregador de pizza no mesmo horário em que deveríamos tocar. 

Já estávamos vivendo das apresentações há alguns anos, havíamos alugado uma casa e podíamos fazer o quiséssemos lá, convidávamos amigos e fazíamos uns sons meio doidos, Jazz e Hip Hop, Jazz e Rock, Jazz e MPB, enfim, a casa era nossa e todo mundo era bem vindo, quando anoitecia fazíamos o que sabíamos de melhor. Até que um dia o Marcus vacilou, essa vida boemia tem seus pontos negativos, o Marcus bebia bastante e brigávamos muito por isso, ele chegava ao ponto de perder o ritmo em algumas apresentações. Após uma dessas brigas ele pegou a moto e saiu à milhão, no dia seguinte todo mundo achou que ele tinha desencanado da banda, sua mãe o achou no IML. Foi barra. Não gosto muito de falar sobre isso.

Continuamos nos apresentando como quatro negrões, bem mais melancólicos que antes e sem um contra-baixo. E agora você deve estar pensando “caramba, eu achei que essa era pra ser uma história feliz!” e eu digo “calma, calma, quem nunca conheceu o fundo do poço não sabe como é bom estar por cima”. Nossa cidade é cheia de eventos culturais, sabe, e isso é muito bom, as pessoas deviam aproveitar mais, tem muito evento gratuito e eles nunca estão cheios. Eu gosto muito de assistir a alguns concertos, gosto de escutar música erudita também, é bom não ficarmos bitolados em um único tipo de som.

Certa tarde eu fiquei sabendo que haveria uma apresentação de jazz com membros de uma das orquestras locais, fiquei muito interessado, tocariam temas do Louis Armstrong, para quem não conhece Armstrong, ele está para o jazz como o John Lennon está para o rock. A orquestra estava composta por cinco pessoas, um trompete, um trombone, um clarinete, um piano, e um contra-baixo, eles não tinham um baterista, e como eu havia chego com antecedência fui conversar para ver se eu poderia compor com eles. Não tiveram uma boa impressão de mim, veja você, cinco pessoas da orquestra querendo fazer uma apresentação, chega um cara de dois metros de altura, cabelo black power, jeitão de jogador de basquete e diz que pode tocar bateria, qualquer um ficaria desconfiado. Expliquei que eu tocava em um conjunto de jazz, os Melancólicos Azuis, e aí a contra-baixista disse que já havia nos visto algumas vezes e convenceu os demais, o pessoal do teatro tinha sua própria bateria a qual me emprestaram. A música que eles tocariam primeiro era a Basin Street Blues e tive três boas surpresas nela, a primeira foi ver da boca do trompetista, um cara magrelo, loiro, cheio de espinhas, sair uma voz que, apesar de não chegar a ser a do Louis Armstrong, ficava bem próxima da do Sebastian (lembra? Aquele que fazia as propagandas da C&A? hahaha). A segunda foi todo mundo ter acenado com a cabeça e parado para que eu solasse, lógico que aproveitei a oportunidade pra me mostrar um pouco, e a terceira e mais surpreendente de todas foi ver a contra-baixista, uma mulher que lembrava uma miniatura da branca de neve da Disney, menor que o contra-baixo, avançar três passos com aquele instrumento enorme e solar como eu nunca tinha visto. O resto da apresentação seguiu este patamar. Não gosto de me gabar, no entanto, fomos muito bons mesmo.

Após a apresentação fomos os seis tomar umas cervejas e jogar conversa fora, falei que já havia assistido algumas apresentações da orquestra e que nunca havia imaginado que eles pudessem tocar da maneira como havíamos tocado hoje, não que um seja mais difícil de tocar que o outro, jamais duvidaria das capacidades técnicas de membros de uma orquestra, mas o jazz não é apenas ter técnica e seguir uma partitura, o jazz envolve saber transgredir aquela partitura e por vezes abandonar a técnica. Eles me explicaram que possuem este projeto paralelo à orquestra já há muito tempo, mas que só neste dia sentiram-se preparados para tocar. Trocamos telefones, passei meu endereço e cada um seguiu seu caminho.

Depois desse dia é que eu fiquei com a idéia fixa de que a Clarisse, a miniatura da branca de neve, deveria tocar conosco. Sente o drama? Fiquei uns dias com a idéia na cabeça sem nem ter coragem de tocar no assunto com os outros caras, tudo por medo da reação do Hélio. Depois da morte do Marcus o Hélio andava mais estourado do que o normal, tinha parado de beber também, o negócio todo mexeu muito com ele. Nos primeiros dias ele até voltou pra casa da mãe dele, o cara ficou abalado mesmo. É nessas horas que eu fico com uma ponta de inveja do Welly e do Wilsão, acreditar em um Deus, em um paraíso e em todas essas coisas faz muito bem pra eles, conseguiram superar a perda do Marcus bem mais rápido que nós, é claro que isso não significa que não sintam saudades, teve um dia que eu cheguei em casa e o Wilsão tava parado na porta do quarto do Marcus olhando lá pra dentro, a cena foi bem triste, não é todo dia que a gente vê um negrão de um metro e noventa, com uns cento e trinta quilos, barbudo, chorando como uma criança. Enfim... A questão é que ainda estávamos muito abalados e eu não tive coragem de falar com o Hélio, mas não tinha uma noite que antes de dormir eu deixava de lembrar a execução de Basin Street Blues.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Sobre música e corações - Resumo - Parte 1/6

RESUMO

Todo mundo tem uma história de amor pra contar, a de algumas pessoas está atrelada há algum fato específico, uma troca de olhares, um encontrão em uma estação de metro, um telefonema para o número errado. O amor é assim, quando ele aparece, ele simplesmente aparece, não precisa receber convite nem bater na porta, basta que haja uma janela aberta. Thomas também conhece uma história de amor, que ele teve o prazer de acompanhar de perto. O história se desenvolve em meio a trajetória de um quinteto de jazz chamado Melancólicos Azuis, seus fracassos e seus sucessos são acompanhados de uma sutil história de amor que vai se tornando cada vez mais presente, até culminar em... Bom... Em que essa história culmina, só lendo pra saber.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Phillip Price

In someplace where the Sun doesn´t shine
Lives a boy who likes to drink blood-wine
The name of this boy is Phillip Price
And he only laughs making experiences in his mice

When the children are learning to cook
Phillip Price cast dark-spells with his old book
That boy only has seventeen
But his bag is full of sin

Everyone feels the scare of the death
But Phillip Price is waiting his time on a cold bath
(Dedicado a Felipe Nunes, Franca, 2009)

Devem haver erros no meu pífio ingles... Mas um poema em homenagem ao meu gringo cunhado tinha que ser em inglês... Qualquer absurdo, finge que foi de propósito.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Meninos do Brasil - Ira Levin


Uma história de tirar o fôlego! A narrativa consegue manter o climax do primeiro ao último capítulo. Uma ficção que envolve Europa, América do Norte e do Sul, conspirações Nazistas e Judaícas e as tendências do desenvolvimento biomédico da década de setenta. Não foge da realidade, é uma trama muito legal e plausível!

Livro emprestado por: Mamãe. Obrigado.

Violino - Anne Rice


Para quem gosta de literatura sombria este livro é ótimo! A narrativa é feita pela protagonista Trianna que mistura acontecimentos, lembranças, narrativas e música e desvairos, chegando mesmo a levar o leitor a pensamentos desvairados.

PS - Não deixe-se influênciar pela sinopse do livro, pois, (primeiro) ela dá uma impressão errada sobre o que a escritora conhece do Brasil, (segundo) estraga o suspense do livro pois conta partes importantes da trama, (terceiro) é MUITO mal escrita!!!

Livro emprestado por: Pipo. Obrigado!