terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Sobre música e corações - Sobre músicas e corações - Parte 6/6

Eu imagino o amor como uma partitura. Para quem não o conhece, ele não faz o menor sentido, parece um conjunto de normas que só serve para que a pessoa fique presa, dependente de algo da qual ela era totalmente livre antes de conhecer, mas para quem conhece de perto, percebe que do amor é possível extrair coisas fantásticas, é só saber como tratá-lo. Assim como observamos nas partituras, cada amor é único, se você pega uma partitura e a toca literalmente ela sempre vai soar como a mesma música, e mesmo que outra pessoa a escreva, se a cópia for fiel, ela não será outra música, será a mesma, ou seja, cada partitura diz respeito a exclusivamente uma música, assim como cada amor diz respeito exclusivamente a um casal. Não existe amor igual em dois casais, assim como não existe partitura igual para duas músicas.

O artista de jazz se destaca justamente por não seguir sua partitura exatamente como ela manda. O artista de jazz não pode ser previsível, ele tem que saber o local onde transgredir a partitura, se ele for feliz, sua transgressão resultará em uma improvisação que torna a música mais bela do que a sua própria partitura, mas se ele não for feliz ele pode destruir a música, sem chance dela voltar a ser como era. Para nós músicos, o amor é encarado da mesma maneira, ele já é bonito se seguirmos suas regras pré estabelecidas, mas nós precisamos arriscar, transgredir, torná-lo mais belo e surpreendente, evitar deixá-lo tornar-se monótono, pois assim como ouvir uma música repetidas vezes, da mesma forma é cansativo, um amor monótono também o é. Quando acertamos, o amor se torna mais forte, no entanto, se errarmos, temos a chance de destruí-lo.

Quando conheci a Clarisse, eu jamais poderia imaginar que entre ela e o Hélio seria composta alguma partitura. Assim como muitas vezes a música pode surgir de uma situação imprevisível, como o ritmo de uma goteira, o amor pode surgir em qualquer situação, no fim das contas eu penso que ele não parece uma música, mas sim que ele é a própria música. Um amor à primeira vista, uma inspiração. Um relacionamento que se firma aos poucos, uma partitura composta com esmero e dedicação. Qual é sua música favorita? Qual é a sua maneira de amar?

Hoje é um dia especial e como eu já disse, não necessariamente o meu, mas eu me sinto parte disso tudo, estou apenas esperando a Clarisse chegar, ela já deve estar uns cinco minutos atrasada, sorte minha, sem esse atraso não teria tido tempo de chegar a esse ponto da história. Se vamos tocar, sim, vamos tocar, mas hoje a banda está com uma formação um tanto diferente. O Hélio não está no palco conosco e convidamos uns amigos para nos ajudar na apresentação de hoje. Se o Hélio está aqui conosco? Sim ele está, mas é que ele está lá no altar esperando a Clarisse chegar... Hoje realmente é um dia muito especial... Lá vem ela, e pela primeira vez na minha vida eu vou tocar uma marcha nupcial. Até um dia e obrigado pela atenção.

FIM.

2 comentários:

  1. Puts, Biriba... Muito foda! Gostei muito!

    Quanto mais a gente lê, mais a gente quer que não acabe!

    Parabéns!

    Agora ler-eu-ei o conto seu mais novo conto de vampiro! *-*

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  2. Nossa Evandro, isso é lindo!
    mesmo!!!

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